sábado, 9 de março de 2013

Resgatando sabores, renovando sensações





As relações se fortalecem à mesa. A afirmativa carrega muito do que vi a minha vida inteira. Era assim que minha avó Alice reunia filhos e netos nas férias, em torno de uma mesa sortida de cores e sabores. Ela era fera no que fazia.

Vi seu talento se repetir em especialidades que até hoje minha mãe domina. Só isso, já renderia um gene que compartilhasse de tal paixão. Mas, quis a vida, que a família do meu pai - de descendência italiana - também levasse muito jeito nesta arte.


Não conheci minha avó paterna, Irma Capanacci Bertoncini, mas foram tantos os relatos dos doces, dos biscoitos, das polentas, dos assados, das massas caseiras, que quase posso imaginá-la com seus afazeres, na produção de cada uma dessas delícias.

Minhas tias por parte de pai não ficavam atrás. E, embora tenha sido criada a certa distância de sua família, em um desses raros momentos em que se reúnem todos os familiares provei um doce de leite caseiro como jamais terei a sorte de experimentar de novo, feito por uma das primas de meu pai - eu acho. Isso sem falar no cordeiro assado que desmanchava na boca, preparado por uma de minhas tias.

O fato é que cozinhar é uma arte, mas é também uma busca por raízes. Quem nunca se lembrou de algo bom do passado ao provar um prato que o fez recordar de uma época boa, como a infância? Movida por essa busca, sai de casa hoje determinada a trazer tal sensação reconfortante e de prazer -  por quê, não? - ao meus pais.

Meu pai, de uns tempos para cá, cismou que sentia saudades de comer flores de abóbora recheadas - uma especialidade de sua mãe. E minha mãe, sentia falta de um prato rústico e delicado, executado com perfeição pela minha vó Alice: sopa de milho com cambuquira.



Na companhia dos meus amores e fiéis escudeiros, Lucas e Leandro, fomos ao CEAGESP procurar pelas iguarias. As encontrei na banca do Sr. Akira e voltei para casa com o peso da responsabilidade de repetir o sucesso de pratos tão especiais para pessoas mais especiais ainda: meus pais!

E o resultado não poderia ser melhor. Ficou divino. Vi os olhos de ambos brilharem a cada bocada, com um sorriso secreto, que trazia lembranças. E, ao mesmo tempo, pude desfrutar de novos sabores que não conhecia.

Resolvi fazer a flor de abóbora recheada com ricota fresca, ervas variadas e raspas de limão siciliano. Depois, fiz uma pastinha à base de vinho tinto e farinha de trigo, para empanar as flores - fritas na sequência em azeite virgem. Prontas, cada uma das flores receberam gotículas de limão e Tabasco. Estavam finalizadas as entradas!





Na sequência, bati no liquidificador quatro espigas de milho pré-cozidas e debulhadas, alho poró, uma cebola média e três xícaras de caldo de frango. O caldo resultante do procedimento foi ao fogo para cozinhar por uns 20 minutos. Finalizei com uma abobrinha cortada em cubos pequenos e com folhas de cambuquira filetadas delicadamente. Aí, foi só acertar o sal, ralar um pouco de noz moscada e finalizar com um fio de azeite.



Ficou bacana. Comida com gosto de interior, com sabor de infância. Um resgate histórico de minhas raízes, das culturas que influenciaram a vida de quem me deu a vida.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

De volta à mesa

Criar um blog para escrever sobre experiências gastronômicas e para relatar minha paixão por descobrir novos sabores e texturas parecia uma excelente manobra, na tentativa de unir o útil ao agradável. No entanto, foram muitos os ensaios de mantê-lo 'quente', no jargão jornalístico.

Mas a verdade - pura e simples - é que a paixão às vezes resvala numa série de intempéries rotineiras, que nos roubam tempo, energia e disposição. Seja qual for a razão, motivo algum deve ser maior do que a vontade e a alegria de cozinhar. E mais: do prazer de dividir as novas descobertas, de resenhar a minúscia de cada prato, desde a receita mais elaborada ao mais simples cardápio.

O encantamento consiste em um tempeiro inusitado. Na ousadia de uma pitada certeira de uma especiaria esquecida. No corte atípico de uma carne, que mais tarde revela-se em um perfumado assado. E com esta pegada, retomo, mais uma vez, este blog. E conto com vocês para dar continuidade. Os que gostam de boa comida. Os que deliciam-se em experimentá-las, em testá-las à exaustão, em busca do sabor perfeito.

É certo que além de novas receitas, do conteúdo atualizado, este espaço merece um novo layout. Mas é um plano para um futuro próximo. Por hora, contento-me em reativá-lo, com a promessa de um novo post, com uma receita imbatível, na próxima semana. Quem viver, verá!

Sejam bem-vindos! E, claro, bon appètit!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Desempoeirando sonhos...

Desde pequena, amo o Natal. De todos os feriados do ano, sempre foi o meu preferido. Amo porque neste período o mundo se enche de cores, de lâmpadas piscantes, de elementos que nos fazem refletir a nossa existência, transborda em sabores, texturas e aromas.

A mesa farta, os assados dourados, as sobremesas tentadoras... tudo meticulosamente preparado para aquecer os corações. Sim! Porque a ceia vem para coroar os sentimentos de felicidade, o desejo de mais amor, de paz, de saúde e da união em família.

Então, para brindar o feriado mais lindo e saboroso, retomo o blog, depois de um longo período parado, para compartilhar receitas e experiências, em uma série especial de Natal.

Neste ano, o desejo de superação culinária vem acompanhada da maior alegria da minha vida: o meu filho, Lucas. É para ele que quero montar uma bela mesa. Fazer apresentações inesquecíveis dos pratos. Para que ele aprenda, comigo, a amar o Natal, compreendendo a festa muito além dos presentes do Papai Noel.

Tenho a missão de despertar nele, desde já, o significado cristão da união em família. Da importância de cultivar a bondade e a compaixão em todos os meses do ano. Então, mãos à massa! O primeiro passo, a primeira resolução de fim de ano está sendo colocada em prática neste momento: desempoeirar o sonho de manter esse blog atualizado, com o desafio de testar uma nova receita por semana.

Assim, mesmo que de forma tão amadora, vou tentar fazer mais do que gosto: cozinhar...experimentar...testar...brincar... e ser feliz COZINHANDO. Convido vocês, caros leitores, a me acompanhar. E os desafio a compartilhar experiências, receitas, risadas...

Pode entrar! Sente-se e sirva-se!

Bom apetite!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Porque cozinhar acalma o coração...

Faz algum tempo que não passo por aqui... Mas a razão, única e exclusiva de tamanha distância, foi uma reviravolta na vida pessoal e profissional. Algumas mudanças de rumo, poucos tumultos, sutis realizações.

Nada capaz de me afastar de um dos meus prazeres, da minha terapia: cozinhar. E não vou me atrever a elencar nomes esnobes, práticas refinadas... meu prazer é esse mesmo, simples assim, com gosto de guloseima feita pela vovó, em um fogão simplista, na cozinha do interior de SP, com sabor de quero mais.

E, nessa viagem do tempo, nada melhor do que resgatar um docinho das antigas, mas que é fácil, rápido e com a consistência do que me soa perfeito: crocante por fora e beeem cremoso por dentro.

A receita a seguir foi testada com muito sucesso. Tanto, que me inspirou a remontar um livro de receitas à moda antiga, com direito a anotações manuais.

Entregue-se, delicie-se e mãos-a-obra!
Queijadinha Clássica
Massa:
  1. Duas xícaras de chá de farinha de trigo
  2. 100 gramas de manteiga
  3. Um ovo batido
  4. Duas colheres de sopa de açúcar
Recheio:

  1. Um coco inteiro ralado
  2. Três gemas
  3. Uma lata de leite condensado
  4. Uma xícara de chá de açúcar
  5. Uma colher de sopa de manteiga

Preparo:
Faça primeiro o recheio: misture, em um refratário, o coco, as gemas, o leite condensado, o açúcar e a manteiga. Reserve.



Prepare a massa, colocando em outro refratário a farinha de trigo, a manteiga, o ovo e o açúcar. Misture, com as mãos, até que a massa fique lisa e homogênea. Forre as forminhas de empada com a massa e preencha-as com o recheio reservado. Acomode as forminhas dentro de uma forma maior e leve ao forno pré-aquecido (150 graus). Ao assar, aumente a temperatura do forno para 180 graus e asse por 35 minutos.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Comidinhas mexicanas para animar a torcida

Nesse fim de semana fiz um mini meu degustação de comidinhas mexicanas para alguns amigos, num petit comité no meu pequeno e modesto apartamento. Como a noite estava fria, tanto a comida picante como a presença de poucos - mas bons amigos - deixou o ambiente bastante acolhedor.


Para abrir o apetite, servi batatinhas recheadas de cheddar e bacon, com toque de páprica picante. Na sequência, Nachos (Doritos original) guarnecido de Guacamole, Chilli e Sour Cream. Entre os pratos principais, uma rodada de Burritos de frango picante com especiarias e o arremate de Tacos (tortillas de milho) com um chilli e mussarela derretida. 


Tudo devidamente regado à boa cerveja e excelente conversa. Como a decisão de reunir amigos para comer petisquinhos mexicanos foi de última hora, fiquei devendo o Mojito (bebida que eu amo de paixão). Mas, na próxima, não faltará.


Neste post, ensinarei a fazer as batatas. Nos próximos posts, vocês acompanham as outras delícias desta terra caliente.


Batatas Bravas


1/2 de batatinhas pequenas (como de aperitivo)
Uma bisnaga de queijo tipo cheddar
300 gramas de bacon
Molho de pimenta
Páprica picante


Preparo:
Cozinhe as batatas com as cascas em água com sal, até ficarem macias, mas sem desmanchar. Corte-as ao meio, disponha em assadeiras e cubra-as com o cheddar. Frite o bacon cortado em cubinhos na própria gordura, até que fiquem crocantes. Coloque uma pequena porção por cima da batata e finalize com duas gotinhas de molho de pimenta e uma pitadinha de páprica picante. Leve ao forno baixo por 15 minutos, para aquecer e gratinar.


Bon appétit!!!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cozinhar transforma

É inegável que chego em casa destruída. Tenho dias bastante puxados, com direito a acordar todos os dias às 5h20 da matina e retornar à minha casa entre 20h30 e 21h. Não é fácil. Mas é muito bom!


O fato é que, além da paixão pelos alimentos e por sua elaboração, amo também a minha profissão, o que me garante ânimo extra quando o assunto é acordar cedo e dormir tarde. Mas, o foco não é esse.


E você, caro leitor, deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com um blog de culinária. E eu te explico: cozinhar transforma. Mexe com os alimentos, com o humor, com o bem estar e, sobretudo, com as pessoas.


 Meu marido e fiel incentivador casou comigo sem saber fritar um ovo. Mal acostumado, preferia comer qualquer porcaria congelada a se aventurar pelo fogão. O fato é que, depois de três anos e três meses de vida a dois, ele se rendeu à paixão culinária e já ensaia seus primeiros pratos. 


Ontem ele executou - sob a minha supervisão - um delicioso bife à rolê, com direito a molho de vinho e tudo! Não é um sucesso?! Nada é impossível aos motivados.


E, se você quer entrar na onda e se render aos prazeres relaxantes desta arte, pode começar pela receita de hoje: um bolo de mandioca caramelado. Fácil, gostoso, regional e típico, para a época do ano em que pipocam festinhas juninas.


Aproveite, delicie e relaxe... essa é a proposta!


Bolo de Macaxeira Caramelado

500 gramas de mandioca ralada
100 gramas de manteiga sem sal
Uma lata de leite condensado
Quatro cravos
50 gramas de coco ralado
Um ovo

Para o caramelo:         
1 kg açúcar

Modo de fazer o caramelo: 
Em uma frigideira coloque o açúcar e leve a fogo baixo mexendo sempre até dar ponto de caramelo, coloque em uma assadeira untada com manteiga e reserve.

Modo de fazer o bolo: 
Em um bowl, junte o ovo, o leite condensado e a manteiga e bata até obter um creme. Acrescente a mandioca, o coco e o cravo, misture tudo e coloque na assadeira sobre o caramelo. Leve ao forno aquecido a 140ºC por 20 minutos ou até que esteja assado. Deixe esfriar e mantenha a temperatura ambiente. Não coloque na geladeira para não endurecer.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Descoberta de sabores: maçã!

Eu sei... eu sei! Faz algum tempo que não passo por aqui. Mas, apesar da correria, continuo me aventurando em invenções gastronômicas, que me relaxam, me revigoram, enchem a casa de vida e aromas, além de contribuírem para a expansão corporal desta, que vos escreve.

Mas não dá para pensar em dieta, quando o dia clama por alguma delícia quentinha, acompanhada de um suave chá ou de um confortável copo de leite quente. A receita de hoje é isso: um clássico dos tempos da vovó, mas com um toque bem contemporâneo.

E, para acompanhar, uma deliciosa sessão de cinema em casa. E aqui vale outra dica: assistam ao filme Julie & Julia, baseado na trajetória de Julia Child (Meryl Streep), uma mestra da culinária francesa dos anos 50. O longa promove o encontro cinematográfico de Julia, com Julie Power, uma jovem entediada com seu trabalho e com os rumos de sua vida, que encontra prazer em uma paixão em comum: cozinhar.

Anotem a receita e se deliciem:

Bolo de maçã a la Fernanda

Quatro maçãs descascadas, cortadas em cubos
O suco de dois limões
Três colheres de sopa de manteiga sem sal
Quatro ovos
Uma colher de sopa de fermento em pó
Um copo de açúcar
Dois copos de farinha de trigo

Preparo:
Coloque as maçãs em cubos de molho no suco de dos limões e reserve. Bata as claras em neve e reserve. A parte, bata bem as gemas, o açúcar e a manteiga até formar um creme homogêneo e macio. Junte a farinha de trigo peneirada e bata mais um pouco. Escorra as maçãs e as adicione, junto com a clara em neve, mexendo levemente. Adicione o fermento em pó, misturando bem. Leve ao forno médio, pré-aquecido, por 30 a 40 minutos, até que fique dourado.

Quando estiver morninho, desenforme e polvilhe com açúcar e canela.

P.s.: Quer uma orgia calórica? Sirva o bolo ainda quente com uma generosa bola de sorvete Häagen-Dazs de doce de leite. Arremate com uma simpática porção de spray de chantilly e uma folhinha de hortelã.

Bon Appétit!